Goleira Gabriela Barbieri herda posição e talento da família

A posição mais difícil e injusta do futebol parece não ser um problema na família Barbieri. Com pai, mãe e irmão goleiros, Gabriela não poderia escolher outra posição. A camisa 1 do Internacional e da Seleção Brasileira sub-17 herdou o talento da família e agora sonha com uma carreira de sucesso.

Gabriela Barbieri é um dos destaques do futebol feminino colorado. Foto: Reprodução/ Instagram

A jovem de 17 anos conta como a posição está no sangue. “Meu pai já jogou nas categorias de base do internacional, mas hoje ele não joga mais, passou por uma cirurgia no quadril. Minha mãe jogava em torneio regionais e municipais, ainda joga para brincar. E meu irmão joga profissionalmente no futsal pela equipe do Tubarão-SC”,, disse.

Apesar de ter começado na linha, a inspiração na família pesou nas escolhas de Gabriela. “Meu pai sempre dizia para mim e meu irmão não sermos goleiros porque era difícil, mas queríamos seguir os exemplos que tínhamos dentro de casa. Foi aí que comecei a ser goleira também”, contou.

A trajetória de Gabriela começou de forma parecida com a da maioria das meninas que sonham com o futebol. Jogou futsal entre os meninos em escolinhas de Descanso, sua cidade natal, na região e no Criciúma. Aos 14 anos, ela trocou os ginásios pelos campos, quando entrou para a equipe sub-17 da Chapecoense. Naquele ano, Gabriela viveu uma das primeiras dificuldades de sua carreira logo após a primeira convocação para a seleção brasileira sub-17.

A goleira rompeu o ligamento cruzado anterior e ficou nove meses afastada dos gramados. Quando voltou, no início de 2018, voltou a receber convocações para a seleção brasileira. Mas o pesadelo atacou mais uma vez. Durante os treinos, Gabriela voltou a romper o LCA, o que, segundo ela, ameaçou sua carreira.

” Quando soube da segunda lesão eu desestabilizei um pouco, pensei várias vezes em desistir, em ir pra casa dos meus pais novamente e deixar isso de lado. Mas tive todo apoio da família, das companheiras do clube, da comissão técnica e de todo mundo que torce por mim e isso fez com que eu me mantivesse firme e voltasse mais forte”, relatou.

Após sete meses de fisioterapia, Barbieri voltou para ficar. Retornou aos gramados no início de 2019, sendo presença constante na seleção que se preparava para o Sul-Americano da categoria. Ela assinou contrato com o Internacional por dois anos, onde conquistou a Libertadores sub-16 em janeiro deste ano e foi eleita a melhor goleira da competição.

Durante a pandemia, Gabriela treina em dois períodos, com corridas e musculação. Quando é possível faz trabalhos com bola, sempre mantendo o foco e os cuidados com alimentação. A goleira sonha em se tornar profissional e atuar por um grande clube europeu, mas sem esquecer dos estudos.

“Pretendo seguir a carreira no futebol, se tudo der certo jogar em algum clube fora do Brasil. Mas é um passo de cada vez, cabeça no lugar sempre. Quero conciliar com a faculdade de fisioterapia também”, afirmou.

Com inspiração em Alisson e Cristiano Ronaldo, Gabriela finaliza dizendo que há muito o que fazer pelo futebol feminino no Brasil.

“São muitas barreiras. Se em época de Olimpíada e Copa o futebol feminino chama a atenção, isso não pode ser dito na temporada normal. É a primeira falha, detectar e chamar a atenção do torcedor, tornar as competições atrativas. A marca dos clubes vai ajudar. O torcedor familiarizado com o clube e a marca vai acompanhar mais de perto. Porém, a  curto prazo, dado a sua obrigação, podem naturalmente incorrer em atletas de nível inferior. Falta também apoio e investimento”, concluiu.

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