Feminino: Gerente do Fluminense celebra visibilidade com título na base e exalta DNA Tricolor

Não é só o futebol masculino que faz da base do Fluminense uma das maiores potências do Brasil. As Molecas de Xerém mostraram sua força em 2021 ao vencer a edição 2020 do Brasileirão Feminino Sub-18. Entre os segredos do sucesso, estão o trabalho precoce e a formação humanizada das atletas.

Molecas de Xerém se destacaram com título brasileiro feminino sub-18. Foto: Adriano Fontes/ CBF

O futebol feminino tricolor ganhou força através da parceria com as Daminhas da Bola, que contava com a atual técnica do time principal, Thaissan Passos. O trabalho feito na escolinha rendeu várias atletas ao clube. Com os treinos desde a infância, as meninas se diferenciaram das demais atletas, que muitas vezes começam sua trajetória no futebol de maneira tardia.

O projeto, embalado pelo DNA Tricolor – já bem-sucedido no futebol masculino -, vem servindo cada vez mais o elenco principal, além de ter conseguido seus primeiros frutos em campo no mês passado. O Fluminense conquistou uma classificação apertada na primeira fase, mostrou uma defesa sólida no início do torneio e talentos individuais na reta final, além de superar uma disputa de pênaltis dramática na decisão para ficar com o título da segunda edição do Brasileirão Sub-18.

Os detalhes da conquista, os segredos na formação das atletas e os desafios do futebol feminino de base foram abordados por Amanda Storck, gerente do futebol feminino do Fluminense. Ela falou com exclusividade ao DaBase.com.br e explicou o sucesso da base tricolor. Confira na íntegra abaixo:

DaBase: Qual a importância do título brasileiro feminino sub-18 para o clube e para as meninas?

Amanda Storck: Eu acho que para as meninas, obviamente é a visibilidade, a conquista. Ser campeã brasileira é muito importante para a carreira delas, ainda mais que elas estão iniciando a carreira agora. E para o clube, para o projeto em si, é importantíssimo. Ele vem a dar visibilidade para o projeto e para o futebol feminino dentro e fora do Fluminense, os torcedores passam a acompanhar muito mais, a imprensa também e isso é muito importante.

DaBase: Qual o momento mais especial ou marcante na conquista?

Amanda Storck: Eu acho que desde o início esse campeonato foi muito marcante. Na primeira fase, tivemos a troca do treinador, quando o Isaias infelizmente ficou doente e teve que voltar. Foi muito difícil para as meninas, apesar do Filipe já ser o auxiliar e acompanhar todo o processo, mas elas sentiram muita falta do Zazá. E eu acho que um dos momentos mais marcantes também foi a semifinal na Vila Belmiro, contra o Santos. Foi um grande jogo, bem especial, e obviamente a cobrança de pênaltis da final.

Elenco sub-18 tricolor celebrou primeiro título no mês passado. Foto: Mailson Santana/ FFC

DaBase: Quais os pontos fortes dessa equipe e do grupo de atletas campeãs, dento e fora de campo?

Acho que o principal ponto forte dessas meninas é o fato delas terem começado muito mais cedo do que muitas atletas do feminino adulto, não só do Fluminense, mas também de outros clubes. Então elas chegam com uma vantagem competitiva muito maior, com mais fundamentos. E a união entre elas foi muito importante para a conquista” – Amanda Storck.

DaBase: Que projeto de carreira o clube traça para as atletas da base? Como fazê-las acreditarem na continuidade da carreira em um meio tão competitivo?

Amanda Storck: O principal projeto de carreira é o mesmo do masculino, que é subir para a categoria principal, no caso do feminino é para o feminino adulto. Muitas das atletas já vão fazer essa transição agora no Brasileiro A2, em 2021, e eu acho que esse é o principal projeto de carreira traçado, não só no feminino, mas também no masculino, não só no Fluminense, como em todo futebol, que dá mais motivação para as atletas se aperfeiçoarem cada vez mais.

DaBase: Como você vê o atual momento do futebol feminino de base no país? Quais os maiores desafios?

Amanda Storck: Os maiores desafios do futebol feminino, tanto base quanto o adulto, ainda é a visibilidade. A visibilidade trás patrocinador, que trás dinheiro, e melhora cada vez mais a infraestrutura, entre outras coisas, é uma cadeia. Então esse ainda é o principal gargalo.

“Mas eu vejo muito avanço, a gente ter campeonatos de base, seleções femininas de base, isso tem sido muito importante para o desenvolvimento da base feminina. Nunca se falou tanto em base feminina como tem se falado agora, na verdade antes a gente nem ouvia falar em base feminina” – Amanda Storck.

Fluminense conta com elenco que trabalha desde a infância e tem o DNA Tricolor. Foto: Adriano Fontes/ CBF

DaBase: Em termos de metodologia, quais as bases de trabalho para a formação de atletas? Você consegue traçar um paralelo com o futebol masculino?

Amanda Storck: Na verdade, o Fluminense tem o seu DNA Tricolor, essa forma de jogar, e ela é independente de ser meninos ou meninas, homens ou mulheres. É o futebol do Fluminense, a gente tem uma forma Fluminense de jogar, e ela é seguida em todas as categorias, guardadas, obviamente, as proporções físicas. Mas a metodologia é a mesma.

DaBase: Na sua opinião, qual o diferencial do trabalho de base do futebol feminino realizado pelo Fluminense?

Amanda Storck: Acho que o principal diferencial do nosso trabalho é o mesmo que também é o diferencial do trabalho da base masculina aqui em Xerém, essa formação da pessoa antes do atleta, do cidadão. No nosso caso, da mulher consciente do papel dela na sociedade e dentro das quatro linhas. Esse é o principal diferencial do Fluminense, tanto do feminino quanto do masculino, tanto na base quanto das categorias principais.

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