Conheça a DBAF, projeto social na Bahia que forma juízes e bandeirinhas

Um projeto social em Salvador voltado para a formação de árbitros de futebol tem chamado a atenção de mercado do futebol de base em todo o país. Liderado por Rildo Góes, ex-árbitro baiano, a Divisão de Base de Árbitros de Futebol – DBAF já contribuiu socialmente com cerca de 200 jovens. O DaBase.com.br entrevistou, com exclusividade, o comandante desta atividade exemplar. Confira abaixo:

DBAF já contribuiu com a formação de cerca de 200 jovens (Foto: Divulgação)

DaBase: O QUE É A DBAF?

Rildo Góes: É a Divisão de Base de Árbitros de Futebol, um projeto social pioneiro no Brasil para crianças carente e jovens de baixa renda,  para ambos os sexos, defendido e aprovado no meu trabalho de conclusão de curso de Educação Física, na Faculdade Social da Bahia, com o tema: Arbitragem de Futebol como Inclusão Social – A Experiência da DBAF.

DaBase: COMO E QUANDO FOI CRIADA?

Desde o ano 2000 eu comecei a perceber que era importante criar a DBAF, pois sempre percebi que várias crianças participavam de várias modalidades esportivas como capoeira, karatê,  balé, natação, escolinha de futebol, etc.. Muitos jogadores são oriundos da base do clube e porque não uma base de árbitros? Neste mesmo momento, percebi que os árbitros não tinham uma origem desde a infância e sempre foram muito cobrados. Daí,  veio a ideia de criar uma escolinha de árbitros de futebol, oferecendo às crianças uma maneira de estar no esporte, futebol e arbitragem. A DBAF foi criada oficialmente em 09 de abril de 2011.

DaBase: QUEM É RILDO GÓES?

Professor de Educação Física, ex-árbitro do quadro da Federação Bahiana de Futebol. Tenho também formações em árbitro de Futebol de Salão, Futebol de Areia, Futebol 7 Society, Handebol e Baleado.

Rildo Góes fundou projeto em Salvador em 2011 (Foto: Arquivo pessoal)

DaBase: QUANTOS MENINOS INICIADOS NA DBAF JÁ VIRARAM PROFISSIONAIS DA ARBITRAGEM?

Formados com a carga horária da Confederação Brasileira de Futebol são 10. Muitos outros estão atuando no futebol amador e não tomaram curso com a carga horária exigida pela CBF. Esses 10 foram para o quadro de árbitros da Federação Bahiana de Futebol. Desses, 03 estão no quadro de árbitros da CBF.

DaBase: QUE TIPO DE HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO VOCÊ JÁ VIVENCIOU COM OS MENINOS DA DBAF?

No início, as pessoas não acreditavam que daria certo, pois ninguém nunca tinha visto uma criança envolvida com arbitragem. Daí, me chamavam de maluco, que o projeto não iria para lugar nenhum. Perguntavam quem era eu pra fazer um projeto desse sem apoio, que era para passar pra alguma entidade que comandam o futebol e etc.

DaBase: QUAIS NÚMEROS RELEVANTES SOBRE O PROJETO VOCÊ GOSTARIA DE ENALTECER?

Neste processo, o projeto, mesmo sem patrocinador,  já contribuiu com cerca de 200 jovens na inclusão social. Temos ainda jovens pelo Brasil estudando na DBAF com a Comissão de Ensino a Distância, nos estado de: Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná, Ceará, Bahia, entre outros.

DaBase: ONDE VOCÊ PRETENDE CHEGAR COM ESSE PROJETO?

Inicialmente, conseguir um patrocinador para que possamos formar uma equipe multidisciplinar com áreas como: psicopedagogia, nutrição, assistência social e educação física. Já temos uma psicóloga Adriele Pessoa, que faz um trabalho voluntário com os meninos do projeto. Temos como objetivo, também, fazer parte de algum trabalho em alguma federação do Brasil ou até mesmo na CBF, pois alguns instrutores da arbitragem brasileira afirmam que no Brasil não existem pessoas com a experiência da DBAF para descobrir árbitros desde a origem. É um sonho também ter o nosso centro de treinamentos, igual a de uma equipe de futebol, ter o reconhecimento oficial das entidades que administram a arbitragem e o futebol. Mas, mesmo que nada disso aconteça, continuaremos lutando.

DBAF tem dificuldades na captação de patrocínios (Foto: Divulgação)

DaBase: VOCÊ RECEBE APOIO DE EMPRESAS PÚBLICOS OU PRIVADAS PARA A MANUTENÇÃO DO PROJETO? SE SIM, QUAL? E FALA TAMBÉM SOBRE AS DIFICULDADES DE TER EMPRESAS AO LADO DE VOCÊS?

Essa é a nossa maior dificuldade: ter patrocinador, pois se o projeto não tem patrocinador e tem esses números citados anteriormente, imagine se tivesse parcerias oficiais com as empresas e entidades do futebol. Onde estaríamos?

DaBase: EXISTE ALGUMA FORMA DE GANHAR DINHEIRO COM A DBAF?

O objetivo da DBAF é de contribuir na formação dos jovens como cidadãos críticos e atuantes na sociedade, pois se nós não conseguirmos contribuir na formação, dificilmente iremos formar o árbitro com tomada de decisão, com liberdade de expressão, ético, entre outros aspectos importantes para um bom profissional. Muitos deles conseguem ganhar algum dinheiro, pois, através de jogos amadores, recebem cotas e ajudam nas despesas familiar como comprar o gás, pagar o recibo de luz, colocar crédito no telefone, comprar o lanche na escola e colocar crédito no cartão de passagem do ônibus. No meu caso, o que ganho, invisto de volta neles.

DaBase: ACHA QUE TEMOS UM FUTURO PROMISSOR NA ARBITRAGEM BRASILEIRA E BAIANA?

Luanderson já atua profissionalmente na Bahia (Foto: Arquivo Pessoal)

Hoje, temos o Luanderson Lima dos Santos, que nasceu no projeto aos 12 anos, já atuou em todas as categorias do futebol baiano, pela CBF nas séries B, C e D, mas já é considerado do quadro da Série A do Brasileiro, escala que poderá vir a qualquer momento. Além dos jovens pelo Brasil como: Lucas Ribeiro–MG, Diego Rodrigues–SC, Matheus Picoto–PR, Gabriel Jaudecy–BA, Anderson Silva–BA, Francsico Iaslan–CE, Kauan Dias–RJ e Matheus Horácio Rufino.

DaBase: QUE TIPO DE TRABALHO (PSICOLÓGICO, FÍSICO E TÉCNICO) É FEITO NA FORMAÇÃO DE NOVOS ÁRBITROS/BANDEIRINHAS DE FUTEBOL?

As atividades são aulas teóricas sobre regras do futebol com debates e discussões de lances, outros conteúdos da vida curricular, aulas práticas no campo e atividades físicas, de acordo um planejamento. Temos também a psicóloga  Adriele Pessoa, que realiza os atendimentos com os jovens do projeto, onde a partir dos encontros individuais e semanais, com duração de 50 min cada sessão, são trabalhadas questões trazidas por esse jovem, e, a partir de uma escuta qualificada, é possível que o atendimento contribua com o fortalecimento desse jovem frente às experiências desse momento da vida, pontuando não somente as particularidades da adolescência, mas a subjetividade, as especificidades de cada um dos atendidos. O primeiro atendimento visa compreender as necessidades destes, definindo os objetivos a serem alcançados na terapia, auxiliando o indivíduo a experimentar e identificar as mudanças que deseja em si, proporcionando a capacidade de compreender melhor a si mesmo e melhorar os relacionamentos interpessoais.

O primeiro contato com o adolescente é realizado na presença dos responsáveis, considerando a importância da rede de apoio a esse jovem, tendo a percepção que o fortalecimento do vínculo deste e da família afeta na qualidade da relação da pessoa consigo mesma. Essa atividade com a Adriele Pessoa, se estendera aos jovens de fora da Bahia.

DaBase: QUE MENSAGEM DEIXAR PARA MENINOS QUE SONHAM COM ESSA POSSIBILIDADE? DEIXA OS CONTATOS PARA QUEM QUISER ENTRAR OU APOIAR O PROJETO.

A mensagem é para mostrar para eles que o futebol é muito mais do que só jogar. Além de ser rico em profissões como médico, policial, preparador físico, técnico de futebol, comentarista, narrador e inclusive repórter como vocês, que estão me entrevistando. Os jovens têm que saber que  ser árbitro de futebol é ser nobre. Nem todo mundo pode ser árbitro de futebol, por que trabalha com diversos conceitos em uma partida de futebol.  Somos uma porta para eles estarem no esporte, futebol e arbitragem. Pois, o árbitro vive sem o jogo de futebol, mas o futebol não vive sem o árbitro. Ta aí a importância da nossa categoria. “Árbitro de futebol é um coordenador de comportamentos”, Virgilio Elisio.

Contatos: 71 – 98830-4279

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