Técnico do Corinthians Sub-17 aponta potenciais ídolos do Timão
Campeão das duas principais competições Sub-17 no ano: o Mundial, em Madrid, e a Taça BH, o técnico da categoria no Corinthians, Márcio Zanardi, vem realizando um trabalho digno de elogios. Contudo, para conseguir o sucesso obtido no Timão, o treinador usou de uma vasta experiência na função, adquirida desde o Grêmio Osasco, passando por Lituânia e Emirados Árabes, até a chegada no Alvinegro.
De lá para cá, se inspirou em nomes como Telê Santana e segue buscando aperfeiçoamento se espelhando em Tite. Mas Zanardi quer mais… Em um bate-papo com o Portal DaBase, ele revelou quais são suas ambições no Coringão e, dentre outros assuntos, apontou quem são os atletas da categoria que podem alcançar o status de ídolo do clube no futuro; confira a entrevista exclusiva.
DaBase: Faça um breve histórico da sua carreira.
Márcio Zanardi: Comecei minha carreira como atleta do São Paulo, infantil e juvenil, onde fiquei por quatro anos e depois joguei mais um ano no Palmeiras. Parei no junior. Comecei minha carreira como treinador em faculdades e depois fui logo para o Grêmio Osasco, já no Sub-11 e 13. Fui para a Lituânia e fiquei nove meses no Sub-16, depois trabalhei três anos e meio nos Emirados Árabes, no Al Nasr, categorias Sub-13, 15, 17 e 20. Em 2010, recebi uma proposta do Marcelinho Paulista para vir para o Corinthians, mas era para avaliação. Aceitei o desafio, entrei e fui trabalhando, estudando e aproveitando as oportunidades. Passei pelo Sub-11, 13, 15, auxiliar do Sub-17 e Sub-17 até hoje.
DB: Quem foi sua grande inspiração na carreira como técnico? Hoje, você tem um ídolo, um treinador que você considera como referência?
MZ: Minha inspiração foi o Sr. Telê Santana, pois tive o prazer de trabalhar e aprender um pouco com ele no São Paulo. Referência… Sem dúvida nenhuma hoje é o Tite.
DB: Seu irmão, Caio Zanardi, já passou pela Seleção Brasileira de base. O que você, como alguém tão íntimo, conseguiu extrair dessa experiência dele? Pretende chegar ao cargo?
MZ: O Caio é um profissional incrível. Ele sempre me contava que a pressão na Seleção era grande e que sempre precisava de resultados. Sim, trabalhamos sempre para crescer profissionalmente.
DB: Você teve uma trajetória vencedora no time sub-15 do Timão antes de ser promovido ao time sub-17. Qual a grande diferença de uma categoria para outra?
MZ: Ganhamos quase tudo no Sub- 15, foi uma experiência ímpar, mas no Sub-17 você já está mais próximo do profissional. Os atletas já estão mais maduros e conseguimos aplicar um pouco mais da parte tática. As responsabilidades são maiores também (risos).
DB: Já no Sub-17, você conquistou títulos importantes. Cite quais foram eles e a importância de cada um para a sustentação do seu trabalho no clube.
MZ: Fomos Campeões Mundiais em Madrid, em maio; campeões da BH Cup, em julho… Ganhamos os dois títulos mais importantes no ano, na categoria Sub-17. Com certeza isso nos dá mais tranquilidade para trabalhar, mas time grande é time grande. Já temos que focar na próxima competição.
DB: Quais são as metas do time Sub-17 do Corinthians para o futuro?
MZ: Sem dúvida nenhuma, promover atletas para o Sub-20 e para o profissional.
DB: Muitos dos meninos que você trabalhou no Sub-15 estão com você agora na categoria Sub-17. Até que ponto isso ajuda no desenvolvimento do seu trabalho?
MZ: Ajuda bastante, pois conseguimos dar sequência no trabalho. Eles me conhecem muito bem, sabem a forma que gosto de trabalhar e, principalmente, acreditam no que quero passar para eles.
DB: Quem acompanha a base corinthiana diz que a geração 98/99 é bastante promissora, uma das melhores dos últimos anos. Por que você acha que as pessoas depositam tanta confiança nesses meninos?
MZ: Sem dúvida nenhuma é uma das melhores gerações aqui no clube. É uma geração comprometida, com muita bagagem, muita qualidade técnica e uma geração que gosta de ser campeã.
DB: O Márcio Zanardi tem uma filosofia de trabalho? Qual é?
MZ: Tenho sim: ser sério, honesto, verdadeiro e amar o que faço.
DB: E o Corinthians, qual a filosofia do clube para as categorias de base?
MZ: Revelar atletas para o profissional e desenvolver cidadãos.
DB: A saída do Matheus Cassini para o futebol europeu, antes mesmo da estreia no time profissional, gerou bastante repercussão. Os críticos diziam que Tite e o Corinthians têm aproveitado pouco os talentos da base. Percebe-se que isso está mudando aos poucos. Depois desse caso, houve uma mudança de pensamento e postura?
MZ: Hoje o Edu Gaspar, o Alessandro e os nossos diretores nos dão a maior liberdade para acompanharmos os treinos do profissional. Eles estão muito mais presentes na base. Tenho liberdade com o Alessandro de discutir sobre todos os assuntos e a integração base e profissional hoje realmente existe.
DB: O torcedor sempre quer saber de quem pode surgir da base corinthiana. Quem você pode apontar como potencial ídolo da massa alvinegra?
MZ: Temos muitos que passaram e estão aqui comigo: Matheus Pereira, Léo Jabá, Pedrinho, Renan Areias, Léo Santos e Fabrício Oya.
DB: Que análise você faz do atual momento do futebol brasileiro?
MZ: O nosso atual momento não é bom. Primeiro, precisamos assumir isso. Depois, buscarmos evoluir como pessoa e profissionalmente. Temos que entender que o futebol mudou, nos atualizarmos, mas não podemos esquecer as nossas essências.
DB: Qual a saída que você acha que é a ideal para que possamos retomar o posto de “país do futebol”?
MZ: Sinceramente não tenho essa resposta, mas acredito muito no trabalho, no dia a dia. Temos que parar de copiar tudo o que é feito lá fora. Eles têm muitas coisas boas, mas nós também temos. Temos sempre que buscar evoluir, estudar, trocar ideias… Costumo dizer que o futebol não é uma ciência exata. Não podemos podar nossos atletas de dar um drible, de fazer uma jogada de efeito… Temos que ter mais alegria e responsabilidade para jogar futebol. É isso que eu acredito que temos que passar aos nossos atletas.
DB: Clubes e CBF estão, frequentemente, discutindo o calendário do futebol de base no Brasil. O que você acha que deve ser feito nesse sentido?
MZ: Eles discutem e não resolvem nada. Precisamos, aqui na base, de mais torneios nacionais. Temos que enfrentar escolas diferentes, modelos de jogo diferentes, só assim vamos conseguir com que eles se desenvolvam.