#TBT: Técnico relata espírito vitorioso do Nova Iguaçu, campeão da Taça Guanabara sub-20 de 2012

Quinta-feira é dia de relembrar grandes momentos no #TBTDaBase. Há oito anos, o Laranjão da Baixada superava os grandes cariocas e conquistava um título inédito. Com uma campanha fantástica, o Nova Iguaçu mostrou espírito vitorioso para conquistar a Taça Guanabara sub-20 de 2012.

Nova Iguaçu foi campeão da Taça GB com 13 vitórias em 15 jogos. Foto: Mário Farache/ Divulgação

A equipe, que desde a época já mostrava sua vertente formadora, nunca havia conquistado um título estadual na categoria. Mas com o trabalho desenvolvido por nomes como o do ex-jogador Zinho e a mentalidade vencedora passada aos atletas, título e revelações coroaram uma grande campanha.

Apesar do trabalho  de longo prazo realizado no clube, o treinador chegou a menos de uma semana da estreia na Taça Guanabara, primeiro turno do Carioca sub-20. Mesmo com pouco tempo no cargo, Rogério Pina conseguiu embalar uma equipe talentosa rumo às finas do torneio. Em entrevista exclusiva ao DaBase.com.br, o comandante relembrou as primeiras mensagens passadas ao elenco.

“Desde a primeira conversa com o presidente, quando recebi  a proposta, eu vi uma ótima oportunidade. Na época tinha tomado a decisão de não trabalhar mas com a base, mas vi naquela situação uma grande chance. Lembro que na minha primeira palestra disse ao grupo de atletas que estava chegando ali para vencer e sabia que o Nova Iguaçu e sua estrutura me dariam essa oportunidade”, destacou.

A campanha começou com uma goleada animadora: 5 a 1 sobre o Olaria, na Rua Bariri. O torneio contava com 16 equipes, que se enfrentavam em dois turnos – o primeiro, a Taça Guanabara, e o segundo, a Taça Rio, ambos em pontos corridos. Os campeões de cada turno se enfrentariam na final do estadual.

Entre os destaques do time, estava Biro Biro, que passou por Fluminense, Botafogo e São Paulo no decorrer da carreira. Artilheiro do Carioca com 27 gols em 28 jogos, o baixinho de 1,64m, no entanto, não tinha tanto prestígio antes da chegada de Pina ao clube, como ele conta.

“O Biro Biro era um jogador de muito talento, muito rápido e com uma capacidade de finalização incrível. Mas segundo as informações que tive quando cheguei, ele não era titular”

“No primeiro treino, fiquei muito impressionado com a qualidade do grupo e vi que teríamos chance de fazer uma equipe muito competitiva. Tínhamos valores ótimos como Leônidas, Tiago Correia, Wellington e o próprio Biro com uma capacidade técnica excelente. Um sistema defensivo que se adaptou muito rápido à minha forma de jogar e um grupo de jogadores talentosíssimos nascidos em 93-94 que obrigavam a galera de 92, que estavam no último ano, a se manter bem para jogar’, acrescentou o treinador.

Biro Biro (à frente) foi o artilheiro do Carioca sub-20 de 2012. Foto: Rodrigo Sirico/ GloboEsporte.com

Pina armou uma equipe que variava entre o 1-4-3-3 e o 1-4-4-2, como ele detalhou. “A principal característica era um jogo muito técnico, muito agressivo na marcação, que tomava poucos gols e que controlava bem as fases do jogo. E era um time implacável no contra-ataque. Tínhamos um atacante chamado Palagar que segurava muito bem a bola, abrindo espaços para quem vinha de trás”, explicou.

Além do grupo, o treinador contava com uma ótima estrutura e a experiência de quem já estava acostumado a vencer no comando do futebol. Zinho, que foi um dos fundadores do Nov Iguaçu, era o Diretor Técnico e supervisionava o trabalho da base. Para o treinador, a estrutura e o apoio do tetracampeão mundial foram fundamentais.

“O Zinho era muito importante. Passamos por um processo em que a equipe estava muito ansiosa em um certo momento da competição. Conversei com ele para dar uma palestra para os garotos e passar um pouco da sua experiência e ele foi fundamental naquele dia, dando tranquilidade aos atletas”

“Gostei muito de trabalhar lá, as condições que me foram apresentadas pelo presidente Jânio e toda a diretora eram ótimas. Um clube que valoriza muito a oportunidade para os garotos da região e com bom planejamento pra formar atletas, haja visto a grande quantidade de jogadores que saem de lá todos os anos para o futebol brasileiro e mundial. Uma ótima estrutura que só melhorou de lá pra cá”, completou Pina.

Com todas essas condições, o Laranjão ganhou casca a cada jogo. O time bateu o Flamengo na Gávea e o Fluminense nas Laranjeiras, dois dos momentos mais marcantes para o treinador. A torcida começou a apoiar a equipe nas preliminares dos jogos do time profissional e a equipe acreditou cada vez mais na conquista. Em 15 jogos, foram 13 vitórias, um empate e uma derrota, logo na segunda rodada, diante do Botafogo.

Na última rodada, o Nova Iguaçu tinha outra pedreira pela frente, o Vasco. A uma vitória do título, o técnico fez questão de relembrar os atletas das suas palavras antes da estreia: “cheguei para vencer”. E isso aconteceu. Apesar do gol contra de Phelipe, Adib e Walber (contra) garantiram a vitória por 2 a 1 e a conquista inédita, que garantiu vaga na decisão do estadual.

Rogério Pina teve 76% de aproveitamento no comando do Nova Iguaçu. Foto: Rodrigo Sirico/ GloboEsporte.com

O Nova Iguaçu poderia ter sido campeão estadual de forma categórica antes mesmo das finais. A equipe fez mais uma grande campanha na Taça Rio, chegando à rodada final, diante de um já eliminado Vasco, na liderança e a uma vitória do título. Mas em um campo pesado devido à chuva no Rio de Janeiro, o time parou na trave e perdeu por 1 a 0, ficando atrás do Fluminense, adversário da decisão.

As finais, em jogos de ida e volta, não corresponderam às campanhas das fases anteriores. No duelo de ida, nas Laranjeiras, o Flu aproveitou de um péssimo final de primeiro tempo e início da etapa final adversário para abrir 2 a 0, obrigando o Nova Iguaçu a jogar aberto na partida de volta. O Tricolor não perdoou e, com o reforço de atletas do profissional, venceu novamente, desta vez por 3 a 1, garantindo o título carioca sub-20.

Apesar da derrota nas finais, Rogério Pina destacou que a equipe saiu de cabeça erguida, mesmo frustrada pela perda do campeonato. Após dar um tempo na carreira, o técnico passou por clubes da Série B1 profissional, ficando próximo do acesso com o Artsul no ano passado. Ele finalizou destacando seus números no Nova Iguaçu, que manteve a força nas categorias de base.

“Minha passagem pelo Nova Iguaçu foi rápida, mas a nível de resultados foi incrível. Foram 55 jogos com 41 vitórias, três empates e onze derrotas, isso contando dois cariocas e um Torneio OPG. Fomos vice-campeões da Taça Rio em 2013 perdendo para o Flamengo, além de dois anos seguidos campeões do torneio do interior. Tive a oportunidade de trabalhar com minha comissão técnica (preparador físico Wagner Silva, treinador de goleiros Daniel Dias e o auxiliar indicado pelo clube, Daniel Barbosa). Sem eles, seria muito mais difícil”, finalizou.

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