#TBT: Técnico que ajudou a revelar Ronaldo Fenômeno relembra histórias do Sul-Americano Sub-17 de 1993

Quinta-feira é dia de relembrar grandes momentos no #TBTDaBase. Há 27 anos, 18 atletas se reuniram no Brasil e partiram rumo à Colômbia em busca do sonho de se tornarem o futuro da Seleção Brasileira. O título não veio, mas a Seleção Brasileira que disputou o Sul-Americano Sub-17 de 1993 rendeu, entre outros, um fenômeno.

Seleção Brasileira Sub-17 foi a quarta colocada do Sul-Americano de 1993. Foto: Divulgação

Campeão das duas edições anteriores, o Brasil iniciou sua preparação visando uma vaga no Mundial Sub-17 e, principalmente, a formação dos atletas para o futebol profissional. A campanha na primeira fase empolgou, com quatro vitórias em quatro jogos – diante de Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai – e classificação ao quadrangular final.

O torneio não era o início da trajetória futebolística apenas para os atletas. A comissão técnica, comandada por Humberto Redes, contava com profissionais que também davam o pontapé inicial em suas carreiras e buscavam seu espaço. Um deles era Márcio Máximo, auxiliar da Seleção, que falou com exclusividade ao DaBase.com.br e relembrou a ansiedade pela repercussão no Brasil.

“Algo curioso daquela época é que tanto eu quanto os atletas estávamos começando a carreira e ficávamos curiosos para ver se tinha alguma nota no jornal. Então, pela manhã, nós comprávamos o jornal e ficávamos ansiosos para ver se tinha nosso nome em alguma matéria”.

Os resultados no quadrangular final não deram sequência à boa campanha da primeira fase. Contra Argentina, Chile e Colômbia, a Seleção Sub-17 empatou dois jogos e perdeu uma única vez, diante do hermanos. Apesar da quarta posição e da ausência no Mundial, Márcio vê a trajetória daquele time como positiva, principalmente pelas revelações.

“Nós perdemos só um jogo, que foi para a seleção argentina, mas foi uma campanha muito boa. O problema foi que empatamos as duas e perdemos no quadrangular final, mas foi uma das seleções que mais revelou jogadores para a seleção principal e todos eles chegaram nos profissionais”, exaltou.

Ronaldo foi o artilheiro do Sul-Americano Sub-17 de 1993, com oito gols. Foto: Reprodução/ TV Globo

Notas no jornal e nomes desconhecidos faziam parte de um contexto comum para o futebol de base nos anos 90, algo muito diferente do que ocorre atualmente. Na visão do treinador, as mudanças na formação dos jovens atrapalharam o foco principal, que é revelar, e não levantar taças.

“Naquela época, o intuito das seleções de base era revelar jogadores para a seleção principal, e com o decorrer do tempo isso foi se modificando. Hoje em dia, vejo uma competição muito grande para que se conquiste títulos, tanto nas seleções de base quanto nos clubes. Claro que todo torneio o time entra para ganhar, mas creio que a prioridade deveria ser revelar jogadores”, apontou.

Daquele grupo selecionável, vários nomes fizeram carreira pelos principais clubes brasileiros, como o zagueiro William, campeão pelo Corinthians, os meias Léo Inácio, campeão por Flamengo e Grêmio, e Sidney Moraes, campeão por São Paulo e Fluminense.

Mas um jovem chamava mais a atenção. Cria do São Cristóvão e com os pés no Cruzeiro, o atacante Ronaldo ainda não tinha o apelido, mas já fazia coisas fenomenais. Márcio Máximo relembrou histórias com o craque no vídeo que você vê abaixo:

A carreira do treinador Márcio Máximo também decolou. Andarilho da bola, ele rodou o mundo, passando por Oriente Médio, África, Caribe, Europa e voltando ao interior do Brasil. Hoje treinador da Seleção da Guiana, ele destacou que gosta de dar oportunidades aos jovens e comparou o trabalho de base no Brasil ao restante do mundo.

“Eu trabalhei com base apenas no início da minha carreira, sou treinador profissional há 35 anos. Com base eu trabalhei os cinco primeiros, como auxiliar. Meu perfil é de dar oportunidade aos jogadores da base no time profissional, para dar oxigenação à equipe, uma nova mentalidade e dar oportunidade aos atletas”, explicou.

“A grande diferença do atleta brasileiro é a intuição, mas uma das principais diferenças é a estrutura. Muitos clubes no Brasil têm muitos atletas de base, mas não têm a estrutura necessária para o desenvolvimento completo do jogador. Estava em um grande clube da Suíça e eles tinham diversos campos para a base, o treinador com todo tipo de material, mas não tinham tantos garotos para tamanha estrutura, o inverso do que ocorre por aqui”.

Para fechar, o treinador também comparou a formação dos jovens nos anos 90 e atualmente. Ele apontou que a relação entre empresários e atletas é muito delicada e precisa ser trabalhada com cuidado para não prejudicar os jovens.

“Hoje existem muitos agentes, isso pode ajudar ou prejudicar o atleta. Quando é um empresário profissional, que deixa nas mãos do clube, do treinador e não quer interferir na cabeça do atleta, acho saudável. Mas quando quer interferir, se torna prejudicial”, finalizou.

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