#TBT: Jogadores falam de surpresa e recuperação no título do Flamengo na Copa São Paulo de 2016

Quinta-feira é dia de relembrar grandes momentos no #TBTDaBase. Há quatro anos, o Flamengo superava a desconfiança através de uma preparação comandada pelo técnico Zé Ricardo e mostrava um grande poder de reação para conquistar o tricampeonato da Copa São Paulo de 2016.

Flamengo conquistou tricampeonato da Copinha em 2016. Foto: Divulgação/ Flamengo

O clube, que havia vencido o torneio pela segunda vez cinco anos antes, vinha de um histórico ruim nos meses anteriores. Após uma eliminação rápida na Copa RS do ano anterior, o grupo vinha com moral baixo e não chegava entre os favoritos. Mas foi no trabalho do treinador rubro negro e na força do grupo que o clube conquistou um título fundamental para aquela geração.

São esses detalhes que o lateral-esquerdo e volante Arthur Bonaldo e o meia Patrick Valverde contaram em entrevistas exclusivas ao DaBase.com.br. Ambos relataram a desconfiança sobre o time antes da competição e o momento de superação do elenco.

“Nosso time não estava com muito moral, foi uma surpresa muito grande pra todos chegarmos ao título. O próprio Vizeu, que foi nosso principal jogador na Copinha, estava sem confiança na pré-temporada e quase começou o campeonato no banco”, disse Arthur.

Patrick lembra que foi a forte preparação realizada que possibilitou que a equipe chegasse 100% ao torneio. E isso, segundo ele, foi mérito do técnico Zé Ricardo e de sua comissão técnica. “Foi um trabalho muito intenso, ele sempre foi uma pessoa muito comprometida e paciente ao limite, por isso tivemos tantos êxitos”, ressaltou.

Para Arthur, Zé Ricardo foi um dos melhores técnicos da carreira, com um treinamento intenso e muita alternância entre os estilos de jogo. Ele destaca as variações táticas que o time apresentava nas partidas.

“Nosso time, além de ter muitos jogadores de qualidade, tinha uma formação com várias maneiras de jogar,com os mesmos atletas. Joguei a Copinha de lateral, mas sou volante. Em alguns jogos, o Ronaldo baixava na linha de zagueiros e eu e o Thiago (lateral-direito) subíamos como alas. Mas quando não dava certo, fazíamos uma linha de quatro, nos adaptávamos ao adversário”

Além de Zé Ricardo, que fez carreira no futebol profissional logo após a conquista, sendo vice-campeão brasileiro no próprio Flamengo, o grupo de atletas contava com grandes nomes. Jogadores como Lucas Paquetá, Léo Duarte e Felipe Vizeu brilharam no clube e hoje estão no futebol europeu. Outros ainda buscam uma sequência, como o goleiro Thiago e o meia Matheus Sávio, decisivos na final.

Patrick e Arthur tiveram trajetórias um pouco diferentes. O lateral/volante sofreu com lesões na sequência da carreira e  após passar pelo Linense em 2017, assinou com o Internacional de Madrid, pequeno clube espanhol. Para ele, a conquista da Copinha traz lembranças e reconhecimento até hoje

“Só tenho lembranças boas, o grupo era sensacional, um técnico muito bom, excelente ambiente. O título foi um divisor de águas na minha vida, foi o principal da carreira, título mais importante que tive. Sou reconhecido até hoje por ele”, disse.

Patrick foi campeão da Copinha em 2016 e 2018. Foto: Divulgação/ Flamengo

Já Patrick teve a oportunidade de ser bicampeão da Copinha, um feito para poucos. O meia que também sofreu com uma lesão em 2017, chegou a Copa São Paulo do ano seguinte desacreditado. Mas com um novo grupo, ele pôde passar a experiência de campeão para que o Flamengo chegasse ao tetracampeonato do torneio.

Depois do titulo, ele passou pelo time sub-23 do Santos e hoje defende o Red Bull Brasil. Sobre o conquista, Patrick ressalta o esforço. “Foi um título muito importante, me fez ver que sem esforço, nunca haverá progresso. E me mostrou o que mais me faz feliz na vida”, destacou.

A CAMPANHA

Vindo de uma campanha ruim na Copa RS, o time sub-20 do Flamengo entrou na tradicional Copa São Paulo no Grupo 24, com sede em Mogi das Cruzes. A estreia já mostrou que a competição não seria fácil: uma vitória apetada por 2 a 1 contra o Red Bull Brasil, gols de Lucas Paquetá e Felipe Vizeu.

A equipe venceu os dois jogos seguintes sem grandes dificuldades: 5 a 1 contra o Palmeira-RN, gols de Ronaldo, Thiago Ennes, Lucas Paquetá, Matheus Sávio e Felipe Vizeu; e 3 a 1 diante do União Mogi-SP, gols de Patrick, Arthur e Ennes.

O mata-mata começou com vitória tranquila, 3 a 0 contra o Brasília-DF, gols de Lucas Paquetá, Matheus Sávio e Patrick, mas logo os desafios começaram. Novamente contra o Red Bull Brasil, a vitória foi mais difícil que na fase de grupos. 1 a 0, gol de Matheus Sávio já na etapa final.

As oitavas de final foram emocionantes. O Rubro Negro abriu 2 a 0 contra o Bahia, com dois gols de Felipe Vizeu. Mas em dois minutos, o Tricolor empatou a partida e levou a decisão para os pênaltis. O Flamengo perdeu os dois primeiros, com Léo Duarte e Michael, deixando a situação tensa. Porém de virada, a equipe venceu por 5 a 4 e avançou às quartas de final.

Na fase seguinte, o Flamengo pegou o São Paulo que, para Patrick, era o melhor time da competição. Ele lembra que mesmo diante de um forte adversário, a equipe fez uma marcação alta e conquistou uma vitória por 2 a 0, com mais dois gols do artilheiro Vizeu, que anotou sete no torneio. Depois de uma virada na semifinal, frente ao América-MG, por 2 a 1, gols de Trindade e Paquetá. o Rubro Negro avançou à sua terceira final de Copinha na história.

Arthur, Léo Duarte e Matheus Sávio foram destaques na Copinha de 2016. Foto: Arquivo Pessoal

A final é o momento mais marcante tanto para Patrick quanto para Arthur. E não é para menos. O lateral/volante lembra do Pacaembu lotado, com forte presença da torcida corintiana, adversário na decisão, enquanto o meia rememorou o primeiro tempo ruim, o pior da equipe na competição, mas o poder de reação que veio no segundo tempo.

O Corinthians foi melhor no primeiro tempo e abriu 2 a 0 no placar, gols de Matheus Pereira e Gabriel Vasconcelos. Mas a reunião no túnel dos vestiários foi decisiva para a mudança de espírito, segundo Patrick.

“Nos reunimos no túnel dos vestiários antes da volta para o segundo tempo e falamos que iríamos virar o jogo porque nosso time era f***. Sabíamos que precisávamos apenas de um gol para embalar e conseguir a vitória. E buscamos o empate, foi surreal”

O time carioca foi para cima no segundo tempo e chegou a marcar com Lucas Paquetá, mas a arbitragem marcou impedimento. Os atletas não desanimaram e a reação foi rápida. Aos três minutos, Trindade completou cobrança de escanteio na pequena área e descontou. Cinco minutos depois, em contra-ataque de manual, Cafu serviu Matheus Sávio, que empatou o jogo.

Depois de um segundo tempo com poucas chances claras, a decisão foi para os pênaltis. O Corinthians acertou as três primeiras cobranças, enquanto o Flamengo, que converteu as duas primeiras, com Thiago Ennes e Ronaldo, perdeu a terceira, com Kleber. Matheus Pereira perdeu para os paulistas e Paquetá empatou a disputa para os cariocas. Na sequência, Gabriel Vasconcelos parou em Thiago, que foi para a última cobrança, mas também perdeu.

O goleiro flamenguista, que foi de herói a vilão, terminou a disputa em alta. Ele pegou a cobrança de Claudinho e viu Patrick converter sua batida e garantir o título do Rubro Negro. O tricampeonato, que se tornaria tetra dois anos depois, marcou uma sequência de conquistas  e revelações da base rubro negra, inesquecível para os atletas e a torcida.

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