EXCLUSIVO! Diretor do Inter celebra projeto da base feminina e explica modelo de formação

Títulos, revelações e um legado: a base feminina do Internacional está, definitivamente, consolidada como uma das principais forças do país. O projeto das Gurias Coloradas é fruto de uma metodologia difundida no clube e do trabalho de profissionais capacitados e envolvidos com a modalidade.

Gurias Coloradas foram campeãs brasileiras sub-16 de forma invicta. Foto: Divulgação/ Internacional

O clube aproveitou a obrigatoriedade de montagem de times femininos, imposta pela CBF em 2019, para alavancar o projeto do futebol feminino. A equipe conquistou o acesso à Série A1 em 2018 e, com o time principal, vem se colocando sempre no topo da tabela.

Para fortalecer o time principal, o Inter apostou na base. Os resultados vêm de todas as formas. com atletas reveladas, promovidas e convocadas para as seleções sub-17 e sub-20. Em títulos, vieram o Brasileirão Sub-18 de 2019 e o Sub-16 de 2020, a Liga de Desenvolvimento de 2019 e a Libertadores, em 2020, ambas na categoria sub-16, além de conquistas estaduais e campanhas de destaque.

Para explicar o sucesso do projeto, as ideias aplicadas à formação das atletas e as metas para o futuro, Cláudio Curra destacou o apoio institucional, a relação metodológica com o futebol masculino e o crescimento da modalidade. O diretor de futebol feminino do clube concedeu entrevista exclusiva ao DaBase.con.br. Leia a íntegra abaixo:

DaBase: Qual avaliação você faz do ano da base feminina do Inter?

Cláudio Curra: Apesar da pandemia e suas consequências catastróficas para a saúde pública mundial, foi um ano de muitas conquistas para a base colorada. Nos tornamos campeões da Liga de Desenvolvimento Conmebol (Libertadores Sub-16) e do Brasileirão Sub-16. Fomos à final do Brasileirão Sub-18, defendendo o bicampeonato em pleno Beira-Rio e o sentimento é de que poderíamos mais. Consolidando uma afirmação de uma política que valoriza muito suas categorias de base e que elege como prioridade o desenvolvimento de atletas de alto nível e seu aproveitamento na equipe principal.

DaBase: O clube é um dos mais vitoriosos nos últimos anos. Na sua opinião, qual o diferencial do trabalho realizado?

Cláudio Curra: Avaliações técnicas frequentes e abrangentes, uma rede sólida de captação, as conquistas de campo que trazem credibilidade e valorização às nossas categorias de base e equipe de profissionais qualificada. Considero o apoio institucional do Internacional um diferencial, acreditando no projeto Gurias Coloradas e, no momento atual, com uma gestão cada vez mais profissional, buscando captar recursos e tornar o projeto autossustentável.

DaBase: Em termos de metodologia, quais as bases da formação de atletas aplicada pelo clube? É possível traçar um paralelo com o futebol masculino?

Nossa metodologia de formação de atletas segue os mesmos parâmetros de desenvolvimento integral aplicados nas categorias de base masculinas, primando, além das questões técnicas, pelo desenvolvimento de competências pessoais, sociais e cognitivas, na busca de formarmos mais do que atletas, cidadãs do mundo. A atual gestão está proporcionando um incremento da estrutura, possibilitando manter um projeto sólido e sempre procurando melhorar” – Cláudio Curra.

Inter vem chegando às fases finais de todas as competições. Foto: Mariana Capra/ Internacional

DaBase; Quais as metas para o futuro da base feminina?

Cláudio Curra: O aproveitamento cada vez maior das atletas provenientes da base na equipe principal, a potencialização da captação a nível regional, a contínua melhoria estrutural e metodológica e a autossustentabilidade financeira.

DaBase: Como você vê o atual momento do futebol feminino de base no país?

Cláudio Curra: Aos poucos, a visibilidade do futebol feminino vem crescendo e muitos clubes sendo formados. Com este novo momento. Acredito que direcionará os clubes a investirem na base, para criarem seus plantéis e, com isso, nos próximos anos, teremos maior desenvolvimento. A CBF tem sido importante neste crescimento, com competições adultas e de base, com uma política de tornar a modalidade uma vitrine ainda maior para patrocinadores. A visibilidade dada pelos meios de comunicação são um exemplo disso e a confirmação de uma ideia vencedora.

“Estamos vivendo um momento de crescimento e valorização, em que a profissionalização dos departamentos de futebol feminino dos clubes deve acompanhar esse ritmo, para que o crescimento se dê sob uma base sólida” – Cláudio Curra.

DaBase: Quais os maiores desafios?

Cláudio Curra: Encontrar fontes de receitas que permitam aos clubes investir na base feminina, dar condições às atletas de permanecerem mais tempo em um mesmo clube, para que não haja interrupções no processo formativo e a ampliação das faixas etárias atendidas.

DaBase: Qual a importância dos últimos títulos conquistados para o clube e as meninas?

Cláudio Curra: Os títulos servem para enaltecer os trabalhos e estimular que se melhore a qualidade das equipes, fortalecer a confiança das atletas e demais envolvidos no processo, e servem de parâmetro competitivo, ajudando a manter o nível formativo e competitivo em níveis elevados.

Inter disputou a final do Brasileiro Feminino Sub-18 no Beira-Rio. Foto: Thais Magalhães/ CBF

DaBase: Como o grupo de atletas vem reagindo após o vice-campeonato sub-18?

Cláudio Curra: No quesito formação, nossas atletas estão cientes de que cresceram e deram o melhor. Como dissemos, o sentimento é de que merecíamos o título, pelo desempenho no campeonato e na final, mas em uma competição de futebol somente um consegue erguer a taça. Para isso temos que além de gols e defesas, seguirmos regulamentos e dar estrutura cada vez mais profissional às nossas atletas e elas entendem isso e acreditam sempre.

DaBase: Como você avalia a participação do Inter?

Cláudio Curra: Foi uma jornada de muito trabalho, entrega e superação. Fizemos boas apresentações, que encheram a torcida colorada de orgulho e demonstrando, especialmente às atletas, que estamos no caminho certo.

DaBase: Qual a sensação de disputar uma final no Beira-Rio, em meio a um momento difícil da pandemia e às restrições para treinamento?

Cláudio Curra: Foi um misto de orgulho e alegria com pesar pelas inúmeras perdas de vidas causadas pela Covid-19. Pensamos que a estrutura proporcionada e a manutenção de regras de protocolo da CBF e cuidados promovidos pela estrutura do Beira-Rio foram suficientes, tanto nos treinamentos como na competição como um todo. Foi maravilhoso a final no nosso estádio e a sensação que as atletas falaram é de realização de um sonho. Uma pena não podermos ter torcida no estádio, mas a audiência pela TV deu uma visibilidade muito grande ao espetáculo, ficamos muito satisfeitos como Instituição.

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