Erasmo Damiani relembra histórias da Seleção Olímpica e detalha sua passagem pela CBF

Com uma carreira vitoriosa e experiência em clubes e na seleção, Erasmo Damiani foi o entrevistado desta quarta (20) no Instagram do DaBase. O gerente das categorias de base do Internacional relembrou histórias inéditas do Ouro Olímpico no Rio, em 2016, e falou sobre o trabalho feito na CBF à época.

Erasmo Damiani é o atual gerente da base colorada. Foto: Divulgação/ Internacional

Até chegar à coordenação das seleções de base, Damiani percorreu uma longa trajetória em clubes brasileiros. Foi coordenador da base do Figueirense entre 2004 e 2009, onde foi campeão da Copa São Paulo em 2008 ao lado do técnico Rogério Micale, Depois de passar pelo profissional do clube em 2010, ele foi coordenador da captação do Athletico-PR até 2012, quando assumiu a coordenação da base do Palmeiras.

Erasmo deixou o Verdão em 2015 para assumir a coordenação das seleções de base. Ele explicou alguns detalhes do projeto, no qual ficou até o fim de 2018. “Hoje a CBF tem uma estrutura muito diferente dos clubes. Na minha época, o Gilmar deu espaço para que criássemos um esboço muito parecido com o clube. Tivemos treinadores próprios, criamos departamento  de scouting, análise de desempenho e banco de dados e mapeamos os jogadores”, contou

“Além disso, melhoramos a relação entre clubes e CBF. Discussão sobre os jogadores, observando questões pessoais, escolares e disciplinares, convocando quem estava apto e merecesse a chance. Seguimos a linha de não convocar jogador que saiam pela porta dos fundos do clube. Não chamamos o Bruno Tabata, por exemplo, pois ele saiu do Atlético com problemas. São princípios, filosofia. Montamos uma seleção de projeção, não para ganhar”, completou.

Um dos maiores sucessos do trabalho de Damiani foi o Ouro nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. Ele relembrou detalhes daquela conquista, que começou de forma conturbada. O Brasil havia sido eliminado da Copa América e o técnico Dunga, que comandaria a seleção olímpica, foi demitido assim como Gilmar Rinaldi, diretor das seleções. Ele foi chamado pelo presidente Marco Polo Del Nero e assumiu o comando da operação olímpica, indicando o velho parceiro Rogério Micale, então técnico da seleção sub-20, para o cargo de treinador.

Com problemas para a liberação de jogadores e lesões de última hora, Damiani conta que só teve tranquilidade após a apresentação de tofos os jogadores. Foram noites mal dormidas até a convocação final. Além disso, a inclusão do goleiro Weverton, do Athletico-PR, que substituiu Fernando Prass, do Palmeiras, lesionado, aconteceu a dez minutos do fim do prazo.

Depois de enfrentar um clima difícil em Brasília, nos primeiros jogos, uma atmosfera positiva em Salvador e o alívio do sucesso em São Paulo, a seleção foi ao Rio de Janeiro buscar o ouro. Mas uma situação curiosa um dia antes da decisão, diante da Alemanha, marcou a conquista.

“Um dia antes da final, Luan, Luan Garcia, Neymar, Gabriel Jesus e Gabigol ficaram presos no elevador. Foram 20 minutos de espera, ficamos preocupados. Quando eles saíram lá de dentro, o Neymar gritou: ‘podem me prender no elevador, não tem jeito, ninguém tira esse título da gente’.  O grupo era unido, não tinha vaidade”, disse.

Hoje no Internacional, Damiani fala dos desafios “nunca vividos antes” devido à pandemia do novo coronavírus e elogia a parceria do clube com a Double Pass, consultoria belga que vem desenvolvendo um trabalho na base do Colorado.

“Cada departamento tem feito seu trabalho, cada um na sua casa. Fazemos vários planos, especulamos datas de retorno, estudamos quais protocolos terão que ser realizados no CT, monitoramos questões escolares dos atletas e fazemos reuniões com os coordenadores para traçar um plano sólido. Os atletas da base não sofreram redução salarial, seguem recebendo a ajuda de custo. O fundamental é o bem-estar do atleta”, afirma.

“A Double Pass não dá as diretrizes. Ela entende o que o clube pensa e dá formulas para chegar onde você quer. Não tem produto pronto, é uma cocriação. Todas as reuniões têm discussões em cada área específica do clube. Montamos o que queremos e eles nos dão linhas de trabalho. É uma parceria muito legal, os funcionários abraçaram as novas ideias. Pensamos de forma parecida quanto à formação, o DNA e o equilíbrio entre vencer e formar. Espero que essa parceria continue mesmo com a presença de outros profissionais aqui”, concluiu.

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