Dirigentes encaminham carta à CBF e federações pedindo apoio à base
O Movimento dos Clubes Formadores do Futebol Brasileiro (MCFFB) enviou uma carta às federações estaduais e à CBF nesta quinta (14) pedindo apoio à base e questionando o cancelamento das competições. O grupo cota com mais de 50 dirigentes representando clubes das Séries A, B e C do Brasil.
Na carta, os dirigentes ressaltaram os riscos das medidas tomadas, que vem gerando demissões de profissionais e prejuízos aos atletas, os quais perdem um ambiente seguro para formação, além do déficit ao futebol brasileiro.
“O MCFFB vêm, à unanimidade, manifestar a sua enorme preocupação em relação ao prejuízo irreparável que pode ser suportado por todos esses atletas e pelos profissionais envolvidos na sua formação caso sejam adotadas medidas precipitadas que resultem no cancelamento sumário das competições estaduais e nacionais nesse momento – diz trecho da carta aberta”, alertou o movimento.
O documento ainda afirma que a base representa 5% do orçamento dos clubes pelo mundo e que será cada vez mais útil em meio à crise econômica vivida durante a pandemia do novo coronavírus.
Em meio à paralisação do futebol, as competições de base estão ameaçadas em todo o país. Nenhuma entidade confirmou a realização dos torneios estaduais ou a suas continuidades. Até o momento, apenas a Federação Pernambucana confirmou que não realizará seus campeonatos neste ano. As Federações Paraibana e Sergipana sinalizaram medidas na mesma direção. Já a Federação Catarinense afirmou que não começará nenhum torneio antes de 1º de agosto.
A CBF, por sua vez, ainda não se manifestou. A entidade pretendia organizar, em 2020, as Copas do Brasil sub-20 e sub-17, os Brasileirões de Aspirantes, sub-20 e sub-17 (este último interrompido após a disputa da primeira rodada), a Copa do Nordeste sub-20 e os Brasileirões Feminino sub-16 e sub-18.
Além das competições, os reflexos da crise também afetam a parte interna dos clubes. Recentemente, Coritiba e port, entre outros, anunciaram demissões nas categorias de base, sendo que o clube pernambucano manteve apenas alguns membros da comissão técnica no quadro de funcionários.
LEIA A CARTA NA ÍNTEGRA
O Movimento dos Clubes Formadores do Futebol Brasileiro (MCFFB) se solidariza com as mais de 13 mil mortes de brasileiros e brasileiras e, assumindo a sua responsabilidade na formação integral de centenas de jovens nas entidades esportivas nas quais atuam, vem, por este comunicado, posicionar-se em relação ao momento do futebol mundial devido à pandemia gerada pelo COVID-19.
O MCFFB enfatiza que só defenderá a volta dos treinamentos e das competições oficiais quando protocolos de medidas preventivas puderem garantir a saúde e segurança às crianças, aos jovens e aos demais profissionais vinculados aos clubes e ao futebol de base.
Diante desse cenário, e visando preservar a continuidade da grande responsabilidade social assumida em benefício de milhares de jovens que iniciam a trajetória esportiva, todos os mais de 50 Clubes que formam hoje o MCFFB vêm, à unanimidade, manifestar a sua enorme preocupação em relação ao prejuízo irreparável que pode ser suportado por todos esses atletas e pelos profissionais envolvidos na sua formação caso sejam adotadas medidas precipitadas que resultem no cancelamento sumário das competições estaduais e nacionais nesse momento.
Para além dos danos competitivos, menos importante, tais medidas, adotadas sem uma diretriz consensual fruto de um esforço coletivo, poderão gerar uma desmobilização em clubes e atletas, culminando em demissões em massa e na perda de espaços seguros para a formação de jovens para e através do futebol – o que seria um prejuízo sem tamanho à prosperidade de curto, médio e longo prazo do nosso maior ativo cultural, o futebol brasileiro.
Deste modo, visando contribuir para auxiliar a reflexão de Clubes, Federações e apoiadores neste momento de incertezas, buscamos conscientizar o público e as entidades envolvidas na tomada de decisões para a necessidade de elaboração de um plano que permita preservar os profissionais e atletas envolvidos nas categorias de base do futebol brasileiro.
Portanto, buscando propor alternativas e mitigar as diversas especulações pelas quais o futebol de base vem passando nas últimas semanas, o MCFFB se coloca à disposição dos órgãos responsáveis nas esferas Municipal, Estadual e Federal para pensar nos melhores caminhos para a base – alicerçados e alinhados em conhecimento científico, às melhores práticas mundiais e aos direcionamentos dos órgãos responsáveis nas esferas pública e administrativa – com apoio de Clubes, Federações e Confederação.
Ressaltamos que esse é o momento de apoiar o futebol de base, não só pelo nível de excelência demonstrado por treinadores, preparadores físicos, psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, entre muitos outros profissionais envolvidos, como também para manter a esperança de milhares de jovens ativos em retornar às atividades na busca por seus objetivos, gerando neles uma expectativa positiva o que favorece a saúde mental num momento tão delicado vivido por todos e evitando, assim, a falta de perspectiva e possíveis comportamentos disfuncionais.
Acreditamos fortemente que a divisão de base não apenas deve ser preservada, como poderá se converter em uma das molas propulsoras do futebol brasileiro pós-pandemia.
Isso porque, responsável por em média 5% do orçamento dos clubes, este setor servirá de apoio aos planteis profissionais, seja pelo acúmulo de jogos, seja pela necessidade de diminuição de custos, e poderá ainda gerar significativa receita pela negociação de seus jovens atletas já que o futebol de base do Brasil é o maior exportador de jogadores do mundo.
São nos jogos mais difíceis que se mostra o talento brasileiro em prol dos objetivos coletivos, dentro e fora dos campos. O futebol de base e todos que fazem parte direta ou indiretamente dele precisam (e vão!) jogar juntos para virar este jogo.
Movimento dos Clubes Formadores do Futebol Brasileiro