Diretor de futebol do Gama explica recuperação da base e trabalho com indicações de atletas

Um dos clubes mais tradicionais de Brasília, o Gama é o líder do Ranking DaBase no Distrito Federal. Com uma estrutura fixa e o planejamento de utilizar cada vez mais os jovens no elenco profissional, o clube vem recuperando as categorias de base com resultados expressivos no estado.

Gama lidera o Ranking DaBase no Distrito Federal. Foto: Luis Carlos Pereira de Meneses

Em entrevista exclusiva ao DaBase.com.br, o diretor de futebol Paulo Cesar Araújo explicou o trabalho feito desde 2017, que finalizou um processo de terceirização da base.

“A base do Gama ficou terceirizada mais de dez anos. Quado essa diretoria assumiu, em 2017, começamos o processo de recuperação. O contrato com a empresa que administrava se encerrou em 2018 e começamos a montar as equipes. Havia tempo que a a base não revelava nenhum jogador, então ficava difícil para um clube da grandeza do Gama em Brasília não ter revelações’, disse.

Para formar as equipes, o dirigente conta que o Gama não faz peneiras. Para ele, o método é ineficaz, já que aglomera muitas crianças e dá pouco tempo e espaço para elas mostrarem seu futebol. Dessa forma, o clube capta jogadores através de indicações, observações e treinamentos.

“Avaliamos uma certa quantidade de meninos por semana, que é muito mais produtivo. Eles ficam aqui uma semana, damos todas as condições e conseguimos ter critérios melhores, captar jogadores mais qualificados. Assim, não precisamos aglomerar os meninos, os pais ficam em cima, evitamos cometer injustiças. Se o Gama hoje falar que vai fazer uma peneira, aparecem 500 meninos”, afirmou.

Para atender 115 atletas em três categorias (sub-15, sub-17 e sub-20), o Gama conta com uma comissão técnica gabaritada em Brasília. Técnico do sub-20, Leonardo Roquete conquistou quatro dos últimos cinco estaduais. Já Reinaldo Gueldini, chefe da observação técnica, tem quase 20 anos de experiência no futebol candango.

O clube também vem investindo em estrutura. Além de um CT que conta com dois campos destinados à base, a diretoria já iniciou as obras de construção de um alojamento para 30 atletas O objetivo, segundo Paulo Cesar, é contar cada vez mais com a base. O diretor revela que o planejamento é ter 40% do elenco profissional formado no Gama em 2021,

“Nessa temporada, quatro jogadores vão subir ao profissional. Dois já estão e podem vir mais três ou quatro para treinar e se adaptar melhor. Nosso planejamento para 2021 é que a gente tenha pelo menos 40% do elenco formado na base. Teremos um custo menor e daremos mais oportunidades para os jovens desenvolverem seus talentos”, informou.

Gama tem comissão técnica vencedora no estado. Foto: Gabriel L. Mesquita/ Gama

Apesar disso, Paulo Cesar reconhece as dificuldades econômicas de se manter uma base forte. “Não adianta ganhar título na base e não revelar jogadores. Nosso intuito é revelar e quem sabe fazer uma venda boa, pois isso resolveria os problemas financeiros do clube. Todo lucro seria reinvestido na base. Procuramos também um investidor parceiro para se juntar ao nosso projeto”, comentou.

“Manter uma base de maneira correta hoje e muito difícil, gera muita despesa. Precisamos dar condições para os atletas venham para os treinos e voltem para casa, tenham ima ajuda de custo. Temos que oferecer algo para mantermos o jovem e depois possamos fechar um contrato profissional antes que algum outro clube se interesse.”, acrescentou.

Mesmo assim, o Gama vem tendo grandes resultados. Após anos longe das finais dos estaduais, o Gama foi campeão sub-15 em 2018, sub-17 e sub-20 no ano passado. O clube trouxe alguns dos destaques do Distrito Federal para a disputa da Copa São Paulo, onde a equipe passou pela primeira fase e caiu nos pênaltis, para o Tupi-MG. O elenco sub-20 se preparava para a estreia na Copa do Brasil sub-20, diante do Atlético-MG, em Belo Horizonte, mas interrompeu as atividades devido à pandemia do novo coronavírus.

Para o diretor do clube, o sucesso em campo e a tradição do clube chamam a atenção dos atletas. “Podemos definir o sucesso da base no Distrito Federal em três etapas. O Gama. por ser o maior clube do estado, tem muita credibilidade, muita história com Brasília. Também é preciso ter um domicílio, um espaço para treinamento, e o Gama tem um CT bem estruturado. Além disso, a diretoria e os profissionais que escolhemos tem credibilidade na cidade, são referências. Juntando tudo isso, aparece o resultado. Hoje, isso é fundamental, nos preocupamos com a visibilidade do clube e temos projetos futuros para a base”, pontuou.

Paulo Cesar Araújo conclui analisando a situação do futebol de base nacional, que para ele segue evoluindo, mas que apresenta uma defasagem entre clubes grandes e pequenos.

“A situação está caminhando, principalmente nos grandes centros, que tem um resultado melhor e rentabilidade. Mas isso só acontece com os clubes grandes. Nós precisamos de muita coisa ainda para avançar, mas eu acredito que a base melhorou muito. Tem muitos clube dando mais valor. A CBF vem organizando Brasileirão e Copa do Brasil no sub-17 e sub-20, seria bom fazer sub-15 também, pois é um incentivo para as equipes trabalharem e representarem seu estado nacionalmente”, finalizou.

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