Diretor explica como é o trabalho na base do JEF United-JAP
Diretor das categorias de base do JEF United Chiba-Ichihara, do Japão, desde 2017, o espanhol José Manuel Lara Gómez deu uma declaração exclusiva ao DaBase.
Técnico diplomado, treinou equipes de base do Rayo Vallecano-ESP, do Real Madrid-ESP e do New York City-EUA antes da experiência na Ásia, e acredita numa metodologia sólida e eficaz para a formação de jovens jogadores.
Com relação à pandemia do novo coronavírus, que suspendeu o futebol por um bom tempo em todo o mundo, o dirigente ressaltou que “no Japão a temporada ainda não terminou, apesar da pandemia, porque aqui vai de janeiro a dezembro. Então estamos no meio e aproveitamos o período sem jogos para dedicar-nos à formação dos jogadores. Para isso criamos diferentes áreas de reforço e apoio para ajudar no desenvolvimento dos atletas em nossa academia. São aspectos técnicos levados à parte tática”.
Sobre a possível “espanholização” no futebol asiático (chineses estão comprando clubes espanhóis com o objetivo de formar jogadores para o país natal, por exemplo), José Lara afirmou o seguinte:
“A Ásia em geral é um continente que interessa muito ao futebol europeu e aos principais clubes espanhóis, e ao contrário também. Percebo como os asiáticos gostam das grandes potências espanholas e buscam aprender com os profissionais que estão aqui. Eu considero importante essa “espanholização”, mas o que vai caracterizar um bom jogador é a competição, uma liga com boa estrutura. Caso isso não aconteça se perde muito desse desenvolvimento do atleta. Aqui no Japão criei uma parte competitiva interna para melhorar as carências e o que fazemos é participar em torneio internacionais em diferentes categorias com as principais bases do futebol no mundo e também em projetos dentro do clube. Enfrentar as melhores escolas do mundo é um passo importante no nosso crescimento”.
Por fim, ao detalhar como no Japão é feito o trabalho nas categorias de base (até 1993 não havia sequer uma liga profissional), o profissional analisou o que busca fazer frente ao JEF United:
“No Japão as categorias de base são trabalhadas sempre voltadas para a competição, para o resultado, porém são poucos os clubes participantes. Os jogadores japoneses são muito técnicos já com pouca idade. O problema é que há poucos jogos oficiais. E o que tenho feito é mostrar que o jogador evolui dentro do próprio clube, com trabalhos táticos e técnicos, e que o objetivo é a sua formação, ensinar aos atletas a partir de seus erros, e montar equipes que sejam atraentes de ver jogar. Assim conseguiremos nosso principal objetivo que é fazer que nosso jogador de base chegue a assinar um contrato profissional conosco. Nós, em particular, temos também acordos com clubes da Espanha para que nossos jogadores fiquem por lá um tempo para um período de treinamento. Ou seja, nosso trabalho diferenciado tem chamado a atenção de vários jovens e até mesmo da federação local, com a qual me reuni várias vezes para explicar nosso método de trabalho”.