Danilo Félix, coordenador da base do River, primeiro piauiense a chegar ao mata-mata da Copa SP, fala ao DaBase

Melhor clube do Piauí no Ranking DaBase, criado em 2016, o River, desde 2018 vem conseguindo ótimos resultados não só no seu Estado, mas também na Copa do Nordeste e na Copa São Paulo de Futebol Júnior, onde alcançou este ano a fase de mata-mata, feito inédito para uma agremiação piauiense.

Danilo Félix é o coordenador da base do River (Foto: Arquivo pessoal)

Um dos grandes responsáveis por este feito chama-se Danilo Félix, coordenador das categorias de base. Confira a íntegra de seu bate-papo com o DaBase:

DaBase: Conta-se que acima de tudo você é um apaixonado pelo River Atlético Clube. Fica mais fácil trabalhar no clube de coração?

Danilo Félix: Com certeza, por ser torcedor do clube trabalhamos com mais paixão, queremos vê-lo cada vez mais forte e organizado, e isso faz com que a gente trabalhe com mais entusiasmo.

DB: Outra informação que tenho é que você é um profundo conhecedor do futebol piauiense…

DF: Sim por acompanhar o River desde muito cedo, por influência do meu pai, a gente acabou conhecendo bem a realidade local, suas particularidades, o que de alguma forma acaba ajudando no nosso trabalho.

DB: Em 2016 você recebeu um convite para ajudar nas categorias de base do Tricolor. Esperava? Por que aceitou o desafio?

DF: Sempre tive o sonho de ajudar o River de uma forma além da torcida. Em 2016, Marco Antonio, que era o coordenador da base na época, me fez o convite e, apesar de não esperar, não pensei duas vezes.

Centro administrativo do clube (Foto: Arquivo pessoal)
DB: Em 2017 o então coordenador se desligou do clube e você assumiu o cargo. Como é o trabalho do coordenador das categorias de base do River?

DF: Nosso trabalho é organizar da melhor forma possível nossas categorias de base. Parte de organização e supervisão conto com a ajuda do Nildo Araújo, ele cuidando mais da parte técnica. Juntos a gente tenta manter todas as categorias ativas com o necessário para o bom funcionamento. Temos o apoio da diretoria do clube e buscamos sempre fazer o melhor.

DB: Em 2019, com a chegada de um novo profissional, você passaria a ser o auxiliar. Chegou a acontecer a mudança? Como foi a sua reação na hora em que foi informado sobre a sua alteração de posto?

DF: Tranquilo, Mazinho chegou para ajudar, com sua experiência e conhecimento, sempre trabalhamos em conjunto e só quem ganhou foi o River.

DB: Fora do dia a dia do River, mas ainda de olho na sua função, o que você faz para se aperfeiçoar?

DF: Desde que comecei a trabalhar na função busquei conhecimento em outros centros, tentar trazer pra cá o que estava sendo feito fora, sempre adequando à nossa realidade, além disso a gente faz cursos on-line que nos auxiliam bastante na parte teórica.

DB: Com um golaço de Erick Pulga, o Tricolor venceu o Atlético Mineiro, um dos gigantes do futebol brasileiro, na estreia na Copa São Paulo de Futebol Júnior deste ano. Em seguida veio a classificação inédita para o mata-mata. O que faltou para ir mais longe?

DF: Fizemos uma ótima campanha na Copa SP. Graças ao belo trabalho de toda comissão e de todo grupo de atletas fomos abençoados com a classificação, conseguimos chegar à segunda fase, o que para nós era muito importante, sabíamos das dificuldades a partir daí, pois a sequência de jogos é muito desgastante, além disso fomos prejudicados pela lesão de nossos principais jogadores na partida do mata-mata, Pulga e Vitinho. Esperamos chegar mais bem preparados nas próximas Copinhas que participarmos.

Dirigente é torcedor do tricolor piauiense (Foto: Arquivo pessoal)
DB: Em 2019, então tetracampeão sub-19, o River perdeu o título para o Fluminense. Só que a frustração virou euforia ao ser o primeiro piauiense a avançar na fase de grupos da Copa São Paulo. As duas sensações eram inesperadas?

DF: Sim, a gente sempre trabalha para ser campeão, mas a gente sabe da qualidade dos adversários. Em 2019 chegamos a nossa quinta final seguida, a perda do título apesar de dolorosa não poderia estragar o trabalho que vinha sendo feito. A prova foi que conquista dessa classificação inédita, futebol, ainda mais o de base, é feito de planejamento a médio e longo prazo, os títulos às vezes são detalhes quando se vê a possibilidade de formação de atletas, ajudar as finanças do clube com negociações… a prova é o que se vê nos grandes clubes.

DB: O River recebeu contatos ou até mesmo propostas oficiais por atletas após a Copinha? É ideia do clube negociar as suas promessas antes de se destacarem nos profissionais? Por outro lado, o próprio Erick Pulga, assim como o goleiro Pedro Henrique e o meia Vitinho assinaram o primeiro contrato profissional de suas vidas. Eles foram contratados pelo Tricolor ou apenas se profissionalizaram?

DF: Eles tiveram contrato com o clube. Vitinho e Pulga estão no Fortaleza e a gente espera que a negociação se concretize. Temos mais dois atletas que estão no Fluminense-RJ (Gean e Francisco), na mesma situação. Todos graças aos contatos feitos pós Copa SP. Pedro Henrique hoje integra o quadro profissional do River.

DB: No futebol brasileiro muitos jogadores desistem de uma chance melhor na carreira ou até mesmo dela porque não estão preparados para conviver com a distância da família. O River vai atrás de talentos pelo interior do Piauí. Quando esses meninos chegam a Teresina, há algum suporte para evitar que isso aconteça?

R: Sim, sempre buscamos atletas no interior. Temos alojamento em nosso CT e isso facilita, pois o convívio entre eles ajuda nessa ambientação.

DB: Atualmente a CBF promove Brasileiro e Copa do Brasil das categorias sub-17 e sub-20, mas alguns clubes ainda insistem que a formação dos atletas (e do cidadão, num contexto mais amplo) é mais importante que um título conquistado. Você concorda?

DF: Todo título é importante, pois ele valoriza e dá respaldo para qualquer trabalho, mas conseguir formar, revelar bons atletas também acaba se tornando importante, pois ele garante um prosseguimento do trabalho. Você ver atletas que passaram três, quatro anos no clube jogando profissionalmente em um bom nível técnico, sendo negociados com clubes de grande porte também pode ser visto como um título no final das contas.

DB: Aliás, conte-nos como foi participar de uma competição nacional de renome, como a Copa do Brasil Sub-20, que tornou-se democrática também com representantes de todo território nacional.

DF: Foi uma ótima experiência, apesar de termos enfrentado de cara um dos maiores clubes do Brasil, o Corinthians, avaliamos que até fizemos um bom jogo, mesmo não conseguindo um bom resultado. Ficam as lições para as competições que virão pela frente.

Alojamento do clube tem vaga para 25 atletas (Foto: Arquivo pessoal)
DB: No River existem peneiras? Como são realizadas? O que conta para a escolha de um futuro atleta? Li uma declaração sua em que diz que “os atletas que captamos estão à altura das nossas necessidades e só joga no River quem tem condições de aguentar o peso da camisa e das responsabilidades”.

DF: Sim, sempre estamos realizando peneiras, para dar oportunidade a todos. Sobre a responsabilidade de vestir a camisa do River, falamos isso no sentido da cobrança, pois a torcida cobra tanto quanto cobra do profissional, isso em todas as categorias, e o atleta que se dispõe a jogar pelo River deve saber da responsabilidade de vestir essa camisa e das milhares de pessoas que ele está representando. Pode até achar isso como algum exagero, mas acaba ajudando-o em sua formação e ele acaba levando essa filosofia para o resto de sua vida.

DB: No Ranking DaBase, o River, melhor piauiense, é o oitavo melhor do Nordeste. Dá para sonhar e alcançar uma posição ainda melhor?

DF: Com certeza, sabemos que não é fácil, mas estamos trabalhando para chegar cada vez mais longe. Não só no cenário local, mas também no cenário regional e nacional.

DB: Num país desigual como o nosso, muitos meninos sonham com o estrelato através do futebol, mas poucos sabem das dificuldades que é vencer neste esporte. Manda um recado pra galera que ainda está buscando uma oportunidade de mostrar seu talento em alguma das peneiras ou escolinhas espalhadas pelo Brasil.
DF: Bom, o recado que eu deixo se resume em três palavras: Paciência, Persistência e Trabalho. Não adianta tentar pular fases no estágio de preparação, por isso paciência; não desistir do seu sonho, por mais difícil que pareça, só consegue quem não desiste; e trabalhar, trabalhar muito, treinar para se aperfeiçoar que quando a oportunidade aparecer você estará preparado.

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