Com apoio da família e exemplo do irmão, Gabriel Amaral surge como esperança de gols na base do Bahia

Se o torcedor reclama da falta de centroavantes goleadores no futebol brasileiro, o lado tricolor de Salvador pode ficar de olho em uma promessa das categorias de base do clube. O atacante Gabriel Amaral, de 14 anos, já mostra o faro de gol e o perfil batalhador que carrega no sangue mesmo tão jovem.

Gabriel já acumula troféus de artilheiro (Foto: Arquivo pessoal)

O jovem, que vem treinando com a categoria sub-15 do Bahia, não é o primeiro da família a buscar o sonho de ser jogador de futebol. O irmão Samuel, que hoje defende a equipe sub-20 do Cruzeiro, puxou a fila na casa dos Amaral, naturais de Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador.

E foi através do irmão mais velho que Gabriel começou sua trajetória. De tanto acompanhá-lo e ser parceiro nos treinos, o jovem pegou gosto e talento para o futebol e ingressou nas primeiras escolinhas. Suas primeiras lembranças são as amizades que o futebol proporcionou, como ele conta em entrevista exclusiva ao DaBase.com.br.

“Lembro que toda terça e quinta eu ia para a escolinha com meus amigos, era muito divertido, todos nós pensávamos em se divertir jogando futebol, e esses amigos eu tenho até hoje. Essa escolinha se chamava Planeta Futebol, mas todos nós chamávamos de Batista por ser ao lado da Igreja Batista. Eu entrei lá em 2015 com apenas 9 anos e fiquei até 2018”, relembra.

O começo não foi fácil. Gabriel entrou na MAF em 2017, mas o pai, Seu Dourival, precisava deixar o garoto por mais tempo no local até que pudesse buscá-lo ao fim do expediente como motorista do Olímpia. Foi no próprio clube em que trabalhava que ele encontrou a solução. Gabriel passou a treinar com os garotos dois ano mais velhos – e mostrou que tinha condição de fazer muito mais.

Ele passou a treinar no Jacuipense em 2018 e, no início do ano seguinte, teve a oportunidade de disputar uma peneira em Lauro de Freitas.  O jovem foi observado por Adilton França e convidado a integrar as categorias de base do Bahia, onde treina atualmente.

Em 2017, Gabriel esteve no Olímpia/BA (Foto: Tiago Caldas/ECO)

Nesse percurso, não faltou apoio da família. O pai, que sempre acompanhou de perto, a mãe, que não deixa de mostrar a importância dos estudos, e o irmão, de exemplo à melhor amigo. Dourival conta que a união dos dois filhos faz a diferença na carreira do mais jovem.

“O Gabriel aprendeu muito com o irmão vendo ele jogar e com os conselhos. Eles são muito unidos. Abraça, ouve, brincam, é muita resenha, uma ligação muito forte entre eles”.

Gabriel não só reconhece essa importância, mas também ressalta como o espírito de luta de Samuel é transmitido a ele. O atacante explica que o irmão é um amigo, conselheiro e professor dentro e fora de campo.

“Eu aprendo muito com meu irmão a nunca desistir. Ele já passou por muitas batalhas, mas continua na luta, brigando pelo sonho, e ele sempre fala que eu ainda vou ser o melhor do mundo, que todos nós nascemos iguais, quem faz a diferença somos nós mesmos. Tem uma frase que sempre falamos: lute e lute novamente, até os cordeiros virarem leões. Ele não é só meu irmão, é meu melhor amigo, está comigo para tudo, para o que der e vier. Ele é um ótimo jogador, me passa muitas experiências, não só para o futebol, mas também para a vida”, exaltou.

As experiências trocadas por eles também foram fundamentais para Gabriel se tornar centroavante. Isso porque o jovem começou sua carreira como zagueiro, ainda nos tempos de escolinha, mas mudou de posição e passou a jogar mais avançado. Samuel, irmão mais velho, conta que os conselhos da família pesaram na transformação do zagueiro em goleador.

“Apesar de sermos irmãos, ele é meu melhor amigo. Na nossa irmandade tem muito companheirismo e incentivo de ambas as partes para conquistarmos os objetivos. O incentivo e a motivação que passamos um para o outro é marcante. A transição dele de zagueiro para centroavante na escolinha, por exemplo, eu e meu pai contribuímos pra isso. De lá para cá, foi só alegria e muitos gols. Na minha opinião, ele ainda será o melhor centroavante do mundo”, apostou.

Samuel e Gabriel treinaram juntos durante a pandemia. Foto: Arquivo Pessoal

A mudança fez bem ao garoto, que se mostrou um artilheiro batalhador, que não desiste dos objetivos. Dourival relembra um episódio marcante na carreira do filho. Em 2019, ele disputou a Talentos de Aço e marcou apenas um gol no primeiro dia. No entanto, a fé e a luta de Gabriel foram premiadas nos dias seguintes.

“O Gabriel disputou uma competição no Bahia, a Talentos de Aço, e fez só um gol no primeiro dia, enquanto os outros garotos fizeram três, cinco. Ele me disse que pediu a Deus para fazer sete gols, para ser o artilheiro. No segundo dia, ele fez os gols e fechou o torneio como artilheiro”.

Com faro de artilheiro e espírito de garra e luta dentro de campo, a inspiração de Gabriel não poderia ser outra a não ser Cristiano Ronaldo. Entre as quatro linhas, o jovem apresenta algumas características semelhantes, como conta Jailson Takeshita, técnico do sub-14 do Bahia.

“Gabriel é um centroavante com bom perfil físico, possui boa movimentação dentro de campo, e o mas importante: é um atleta finalizador. Como todo atleta, tem suas limitações, mas como é um menino muito dedicado, está em constante evolução”, destacou.

Fora de campo, a inspiração segue a mesma linha. Mesmo após a pandemia do novo coronavírus interromper os treinos presenciais, Gabriel manteve o foco e não deixou de participar de nenhuma atividade, além de fazer acompanhamento com um personal. O treinador do Tricolor ressaltou o foco do atacante.

“O Gabriel é um menino estudioso e comprometido com as suas responsabilidades, mostrou isso no período em que estávamos treinando online. Não faltava a nenhum dos compromissos e, apesar das limitações desta modalidade de treino, dava sempre o seu máximo. Desejo a ele a continuidade desse empenho que vejo hoje, conciliando o estudo e o futebol”, disse.

Gabriel Amaral foi o artilheiro da Talentos de Aço, em 2019. Foto: Arquivo Pessoal

Para fechar, a expectativa da família é ver o filho trilhando um caminho de conquistas e sucesso. O irmão Samuel aconselha:  é preciso trabalhar sempre, com muita autocrítica, intensidade e personalidade. Com essa consciência, Gabriel não tem medo de traçar objetivos grandes para, quem sabe, chegar ao nível de seu ídolo.

“Quero ser um jogador profissional, fazer meu nome em alguns clubes, ir para a Seleção Brasileira e ganhar uma Copa do Mundo. Quero jogar na Europa, ganhar a Champions League e vários títulos importantes com meu clube, me manter bem sempre e evoluir a cada dia”, finalizou.

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